Em dias seguidos, pescador captura pirarucus de 133 kg e 161 kg no interior de SP: 'O segredo é ter paciência'
Guia de pesca na região de Mira Estrela (SP), Odair Aparecido Camargo conseguiu a proeza nos dias 15 e 16 de novembro. Esta é uma das maiores pescarias de que...
Guia de pesca na região de Mira Estrela (SP), Odair Aparecido Camargo conseguiu a proeza nos dias 15 e 16 de novembro. Esta é uma das maiores pescarias de que se tem registro no estado de São Paulo. Odair Camargo, guia de pesca em Mira Estrela (SP), posa com os pirarucus capturados no Rio Grande nos dias 15 e 16: quase 300 kg de pesca no total Arquivo pessoal Um morador de Mira Estrela (SP) conseguiu uma proeza digna de histórias de pescador. Em dias consecutivos, às margens do Rio Grande, ele capturou dois pirarucus que pesam 133 e 161 quilos, ambos com mais de dois metros de comprimento, na região noroeste paulista. 📲 Participe do canal do g1 Rio Preto e Araçatuba no WhatsApp Odair Aparecido Camargo, de 53 anos, trabalha como guia de pesca na região e capturou o primeiro pirarucu na sexta-feira (15), no trecho do Rio Grande, entre os municípios de Mira Estrela e Cardoso (SP). Com 2,27 metros, o peixe pesou 133 quilos. A façanha maior veio no dia seguinte, sábado (16), quando o pescador conseguiu colocar no barco um pirarucu de 160 quilos e 2,30 metros. Até então, o maior peixe já pescado por Camargo era outro pirarucu de 125 quilos e 2,14 metros, no ano passado. O primeiro exemplar da espécie ele pescou em 2018. Segundo o guia, estas pescarias estão entre as maiores no estado de São Paulo. Pesca habitual Não é raro capturar este gigante típico da Bacia Amazônica nas águas do Rio Grande, entre a Usina Hidrelétrica de Marimbondo e a Usina Hidrelétrica de Água Vermelha, na divisa entre São Paulo e Minas Gerais. Conhecido como "bacalhau do Norte", o pirarucu é um dos maiores peixes de água doce do mundo, podendo ultrapassar três metros de comprimento e pesar até 220 quilos. No interior de São Paulo, exemplares de até 150 quilos já foram pescados. O nome se origina dos termos indígenas "pira" (peixe) e "urucu" (em referência à coloração vermelha). O animal aquático possui grossas escamas que são capazes de impedir a penetração de mordidas de piranha. Ele é considerado uma espécie invasora na bacia hidrográfica paulista por não ter predadores naturais. Desta forma, a pesca é liberada, mesmo em períodos de restrição como o da piracema, que começou neste novembro e segue até fevereiro de 2025. Odair Camargo, que é guia de pesca desde 1991, acompanhando grupos de turistas no Rio Grande, acredita que por ali devem existir exemplares de pirarucus de até 250 quilos. "Mas peixe assim, desse tamanho, ninguém pega", afirma. Estratégias Para conseguir capturar os dois gigantes, o pescador empregou muito esforço e estratégias. Entre elas, uma vara resistente e pelo menos 150 metros de linha. Desde a fisgada até ser colocado no barco, cada pirarucu consumiu quase três horas de trabalho. Camargo utiliza barcos de apoio para esse tipo de pescaria. "O desgaste físico é muito grande. O peixe luta e, às vezes, enrosca no fundo para não ser capturado. Nesses casos, o segredo é ter paciência, que eu tenho de sobra. Tenho o dia inteiro à disposição do peixe", explica ele. Pescador profissional Odair Camargo, de Mira Estrela (SP), carrega pirarucu de 161 kg, capturado no Rio Grande: esforço físico desgastante Arquivo pessoal Depois que é levado para a terra firme, o pirarucu é limpo e a carne é dividida em filés, distribuídos para as pessoas que participaram da pescaria, como os turistas e os profissionais. "É uma carne muito gostosa, que rende uma variedade de pratos. A gente come até enjoar e guarda o restante no freezer", diz Camargo. Quando a pescaria rende pirarucu, o profissional encerra o expediente. "Daí a gente volta para terra e não sai mais. Tem que respeitar a natureza", explica. Risco à natureza Em entrevista ao g1, o biólogo e doutor em zoologia Thiago Maia Davanso afirma que a presença da espécie na região noroeste representa riscos à saúde de outros animais aquáticos. "Sua introdução e proliferação em ecossistemas fora de sua área nativa pode resultar em um risco para as demais espécies, podendo levar algumas à extinção local", explica Davanso. Veja mais notícias da região no g1 Rio Preto e Araçatuba VÍDEOS: confira as reportagens da TV TEM